ESCOLA ANTIGA – DITADURA SOB UM REGIME INFANTIL
Não é segredo que a violência começou no século do colonialismo, escravidão e regimes autoritários como a ditadura, e que a nossa sociedade ainda enfrenta apesar da aparente democracia, os reflexos do autoritarismo representados pela impunidade dos torturadores. Isso veio a alimentar certos comportamentos de professores antigos, pois naquele tempo, os professores eram ditadores de um regime infantil, que além de acuar e aterrorizar os estudantes causavam muitos complexos psicológicos e físicos. Pois os docentes, até a década de 80 evitavam qualquer tipo de relação afetiva com seus alunos, legitimavam o exercício da autoridade e da disciplina para com os mesmos.
Os poucos estudos existentes enfocavam a violência sob o olhar da relação professor/aluno, manifestada por castigos físicos e morais para a preservação da autoridade, para fazer valer as regras e as normas escolares, com reduzidas possibilidades de contestação pelos estudantes. Nesta preservação da autoridade, quem ousasse responder ao professor ou deixasse de fazer as tarefas, era obrigado a permanecer por algumas horas de joelhos sobre grãos de milho, tampinha de garrafas, a usar chapéu de burro, receber uma surra de vara e até mesmo ser vítima de prisão solitária para encarcerar os alunos faltosos.
O símbolo da violência na educação tradicional, no entanto é a palmatória, que foi introduzida pelos jesuítas no século XVI, e só abolida definitivamente do meio escolar com a implantação do Estatuto da criança e do adolescente, em 1990, que reconheceu os direitos fundamentais e proibiu toda e qualquer forma de constrangimento e violência na infância. Esta violência, no entanto, não era exposta e por isso não havia qualquer interesse no seu estudo, até porque era consentida e apoiada pelos pais, para que o filho alcançasse o sucesso escolar.
A necessidade de uma disciplina rígida dos alunos explicitou o uso da palmatória e de outros diversos castigos. A palmatória era o reflexo do comportamento do aluno na escola, pois, se o discente chegasse em casa com algum vestígio de castigo na escola, seus pais ou responsáveis logo chegavam a conclusão de que o(a) filho(a) teria feito algo de errado em seu local de estudo.
Feita geralmente de madeira formada por um círculo e uma haste, era um artefato indispensável aos professores. Seu uso era nas mãos dos indisciplinados. Era como se fosse uma tortura, uma condenação pelos seus atos. Uma prisão que estava sempre beirando os atos dos alunos, onde qualquer deslize era imediatamente restabelecido.
Os pais acostumados com essa forma de aquietação e inclusão dos filhos aos ambientes sociais, não questionavam o uso dessa forma de punição. Acreditavam que através desse sacrifício (a dor) se conseguiria todo tipo de resultados positivos e jamais questionavam tal procedimento.
Já nos anos 90, vários estudos feitos sobre a violência vivida no meio escolar, apesar de ter sido determinantemente abolidos os castigos na escola através do Estatuto da Criança e do Adolescente, surgiram com mais divulgação pela mídia, as agressões vividas por crianças e adolescentes no meio familiar e também agressões físicas (brigas) de crianças com outras crianças.
(Segundo ainda Marília Pontes Sposito); nesse período, surgem novas manifestações de violência, apontando a continuidade de atos de vandalismo, mas também práticas de violências interpessoais, sobretudo entre o público estudantil. Dentre essas últimas, agressões verbais e ameaças são as mais freqüentes. (SPOSITO,200,P.94)
Atrelando os dizeres acima podemos afirmar que muitas das represálias foram dizimadas, mas ainda hoje existem alguns tipos de coação contra alunos e até mesmo alguns tipos de agressões, principalmente em escolas públicas existentes nas periferias das grandes cidades, onde prevalece o menor poder aquisitivo das famílias e uma estrutura psicológica familiar mais pobre, onde se encontram crianças sem apoio familiar e sem disciplina alguma para lidar em certas situações. É nesse meio que ocorre a desestruturação psicológica de alguns educadores, somando a grande quantidade de alunos por sala e a falta de disciplina, alguns educadores perdem categoricamente a paciência e acabam ameaçando e coagindo os educandos, de uma maneira mais tímida do que em tempos antigos, mas que prejudicam a relação de ambos.
UM ESTUDO DE CASO.
Para firmar o que foi dito anteriormente e exemplificar tais dizeres segue abaixo uma reportagem sobre um fato verídico acontecido na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro no dia 17 de maio de 2010.
Professor joga apagador em aluna e caso vai parar em delegacia no Rio.
DIANA BRITO
Colaboração para a Folha Online, no Rio de Janeiro.
Colaboração para a Folha Online, no Rio de Janeiro.
O professor de geografia Marcelo Souza Leite, 43, arremessou um apagador contra uma aluna de 11 anos na manhã de quarta-feira (17) na escola municipal Cuba, na Ilha do Governador, zona norte do Rio. A agressão teria sido motivada pelo falatório de um grupo de alunos na sala de aula, e o caso foi parar na delegacia.
Chorando e com uma marca vermelha no rosto, a menina procurou a direção da escola, que entrou em contato com sua mãe. Depois de a mãe da criança chegar à escola com sua patroa, a advogada Consuelo de Freitas, o caso seguiu para a 37ª DP (Ilha do Governador).
Durante depoimento, o professor admitiu que jogou o apagador na menina porque ela não parava de falar. Ele disse que não tinha intenção de agredi-la, já que o apagador é leve. E, que queria apenas dar um susto na aluna e em seus colegas, afirmou à Folha Online a delegada titular da 37ª DP (Ilha do Governador), Renata Teixeira de Assis.
A menina, que cursa o sexto ano, disse à polícia que o professor lecionava ciências, disciplina que normalmente é dada por sua mulher, que havia faltado. A Folha Online não conseguiu localizar representantes de Marcelo Leite.
Segundo a advogada da família da menina, ela está com medo de voltar à escola e recebeu atendimento psicológico nesta quinta-feira. O professor já foi autuado pelo artigo 232 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e pode pegar até dois anos de prisão. Mas, ele vai responder em liberdade, afirmou a delegada. O artigo prevê punição para quem submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.
Inaceitável : Em nota, a Secretaria Municipal de Educação considerou a atitude do professor "inaceitável".
A Coordenadoria de Educação da região já instaurou uma sindicância para apurar os fatos, com prazo de 60 dias para conclusão. Ao final do processo, caso seja comprovada uma conduta inadequada do professor, todas as medidas cabíveis serão tomadas pela Secretaria Municipal de Educação, informou a secretaria.
Considerando o que foi relatado acima sobre tal fato ocorrido, não podemos sem sombra de dúvidas afirmar que o professor citado acima estava correto em sua ação.
Porém para que haja educadores de qualidade que saibam conviver e reverter certos comportamentos é preciso também que as famílias apóiem as instituições escolares dando-lhe participação na vida escolar de seus filhos e os educando de maneira adequada.
Além disso, os docentes devem procurar meios de se atualizar em certos estudos psicológicos, para entender o porquê de tais comportamentos. Pois há certos comportamentos, que ocultam um pedido de socorro, implorando por ajuda em outros podem haver alguns distúrbios emocionais e psicológicos e que quando não diagnosticados através de alguns sintomas comportamentais tendem a se agravar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SPOSITO, Marília Pontes. A instituição escolar e a violência. Cadernos de Pesquisa: Revista de Estudos e Pesquisa em Educação, São Paulo, n 104,1998.
BRASIL. Ministério da Educação. Acessória de Comunicação Social. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: MEC, 2004.
BRITO, Diana. Professor joga apagador em aluna e caso vai parar em delegacia no Rio. Folha Online. Março/2010. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u708765.shtml>. Acesso em: 24 junho de 2010.
LIMA, Raymundo de. Palmada Educa? Revista Espaço Acadêmico, Maringá, n° 42, nov/2004. Disponível em <http://www.espacoacademico.com.br/042/42lima.htm >. Acesso em 20 junho de 2010.
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